domingo, 9 de setembro de 2007

"Comerás o Pão com o suor do teu rosto."

O Pão


O pão de que há notícia, muitos séculos antes de Cristo, terá sido um dos principais alimentos do homem, que o ingeriu à laia de papas, depois de bem triturar o cereal.


Com a evolução do tempo, o homem afastou-se do seu ambiente natural, deixando-se iludir com o gosto dos manjares mais puros.


E foi assim que passou a consumir o pão industrializado, confeccioando-o à base de farinhas muito brancas e muito peneiradas.


O pão, foi desde sempre a base da alimentação do povo Açoriano, assim, não é de estranhar que quem nos ensinou e avivou com determinismo o caminho da vida, falando-nos à sensibilidade e inteligência foi o nosso povo através de Adágios.


Teremos então segundo esses poetas de inspiração popular:


AS VIRTUDES E QUALIDADES DE UM BOM PÃO


Que são:

Nem mesa sem pão, nem exército sem capitão.


Pão caseiro satisfaz, do padeiro bem não faz.


Pão de ontem, vinho de antanho e carne do dia, dão ao homem a vida.


O pão pela cor e o vinho pelo sabor.


Come pão, bebe água e viverás vida larga.



Diz-se também que:



Casa onde não há pão, todos ralham, ninguém tem razão.



E que muitas vezes se come o pão ao cheiro da linguiça, ou seja, quando a fome é tanta, "devora-se" o pão sem conduto simplesmente com o pensamento em qualquer iguaria.



Mas este pequeno filme e respectivo texto, vai incidir sobre um determinado tipo de pão caseiro: O PÃO DE MILHO

Assim, irá dar-se a conhecer as várias fases que são necessárias para a confecção deste, acompanhando um lento e primitivo processo que vai desde o simples peneirar da farinha, até à saída do "produto final" do forno após várias horas de trabalho.


Ao confeccionar o pão dá-se o nome de cozedura.Da cozedura anterior retira-se cerca de 50 gramas de massa, a que se irá juntar farinha de milho e água formando assim o fermento que posteriormente é amassado.


Na terceira e quarta foto (filme), a Dona Isabel está a juntar a água ao fermento, e depois a farinha.Enquanto o fermento leveda, escalda-se a massa que é constituída por farinha, água a ferver e sal. (ver sequência)


Depois da massa arrefecer, junta-se o fermento e amassa-se. Nesta casa procede-se a um "ritual", que segundo a Sra. Isabel chama-se o sinal da cruz, que tem como finalidade fazer com que tudo corra bem e a massa suba.


Acende-se o forno e deixa-se arder durante um espaço de tempo que varia entre 1h30m a 2 horas.Enquanto o forno aqueceu, a massa levedou, e agora procede-se ao chamado: "puxar o brazido", ou seja, retirar as brasas do forno por meio de um rodo.


De seguida, amarra-se o varredouro, e com ele faz-se a limpeza total das cinzas existentes.


Quando o forno se encontra totalmente limpo, enche-se a massa para a tigela, esta que serve de medida para dividir de igual modo a massa por cada pão.


Antes porém de colocá-la na pá, deve-se "enfarinhar" a pá, a fim de impedir que a massa se pegue ao já referido utensílio.Coloca-se o pão no forno, aguarda-se aproximadamente meia hora e está pronto.


Assim, e após 4h30m de trabalho, aí está: O PÃO DE MILHO


Ainda hoje, apesar do pão de trigo, continua a ser um alimento muito consumido entre nós, e muito procurado por emigrantes que aqui vêm de visita.

Baseado num trabalho feito para a disciplina de "Antropologia Cultural" em 1993, e com a consulta de dois livros sobre a Gastronomia Açoriana de Augusto Gomes.

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