Histórias de uma vida...
Numa "parceria" com a Revista da Armada, para a ilustração de um trabalho realizado pelo Sr. Luís Filipe Silva e publicado no blog Hardware In Faial , surgiu a oportunidade de contar mais esta história de grande interesse para os conteúdos históricos deste blog, são momentos da vida de pessoas que "viveram" os acontecimentos, que tanto se fala por aqui.
O nosso interlocutor, foi destacado em Março de 1957 para o Patrulha P581 ("Príncipe"), onde prestou serviço durante alguns meses, aqui vou deixar dois momentos que marcaram a vida deste homem e também a história do Faial.
O primeiro tal como a foto anterior documenta, tem a ver com a lenda da muralha do Porto da Horta:
"Também, para cumprir a tradição de todos os marinheiros que escalavam o Porto da Horta, na ilha do Faial, era imperativo que a imagem do “Príncipe” ficasse gravada, em adequada dimensão, na parede de pedra do molhe, frente à posição em que o navio estava atracado. Muitas pinturas atestavam a passagem de outras guarnições, nacionais ou estrangeiras, com os respectivos nomes e, por vezes, com esboços mais ou menos perfeitos das imagens dos respectivos navios. A imagem do nosso, navio da Armada Portuguesa, tinha que ser, sem hesitações, a melhor e mais bem pintada delas todas!"
"Recordo o salutar entusiasmo da guarnição quando a nova tarefa de “pintar o navio” lhes foi comunicada e como logo apareceram dois artistas voluntários para o trabalho. Entretanto, a exigência de fidelidade e perfeição pretendidas não se compadeciam, mesmo com a natural habilidade desses voluntários e, assim, foi adoptada uma solução mais pragmática embora menos “artística”: Eu tinha várias fotografias do “Sal”, a preto e branco, tiradas de perfil, durante as nossas saídas em comum. Tinha a bordo, como de costume, para além da minha Leica M3, o meu projector de slides. Nessa noite, á distância correcta para uma imagem de dimensões generosas, projectou-se, na parede escura do molhe, uma fotografia do “Sal”, irmão gémeo do “Príncipe”. Sendo um negativo, a imagem do navio aparecia muito luminosa no fundo escuro. Foi, assim, fácil, para os “artistas”, delinearem, com a maior exactidão, o seu perfil. Claro que depois, durante a pintura nas suas cores naturais, foi o P 581 que apareceu no mural, com a lista de toda a guarnição ao lado."
"Quando, vinte e cinco anos mais tarde, nas minhas longas permanências oficiais açorianas e frequentes visitas ás diferentes ilhas, procurei a “marca” da passagem do “Príncipe” por aquelas paragens, tive a triste desilusão de ver que, no local onde presumivelmente estaria aquela tão bem conseguida obra, não havia qualquer vestígio, porque o tempo (o mau tempo...) se encarregara de a apagar ou porque, á falta de mais espaço, outros tinham pintado por cima dela a sua própria marca. Mas não é assim a vida? "
Aqui fica o link, para uma leitura na íntegra do Artigo:
http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_ago2007/pag_12.html
- Citações e fotos - "Revista da Armada", nº411 - Agosto 2007, Tomás George Conceição Silva - Gen. da F.A.P.